Há muito tempo, a ciência é considerada um domínio de objetividade, racionalidade e neutralidade. Os cientistas geralmente apresentam respostas para perguntas que não têm solução. No entanto, surge uma pergunta simples, porém profunda: qual perspectiva está sendo priorizada na pesquisa científica?
Na maioria das vezes, os cientistas que vemos são geralmente homens, então para onde vão todas as mulheres cientistas? Suas perguntas estão sendo consideradas?
A filosofia feminista da ciência é uma abordagem que desafia a noção de ciência como uma busca puramente objetiva, lançando luz sobre as maneiras pelas quais os preconceitos de gênero, as suposições culturais e os valores sociais moldam a pesquisa científica e a produção de conhecimento. Neste artigo, vamos nos informar amplamente sobre a filosofia feminista da ciência, compreendendo sua história, seus desafios e sua contribuição para a comunidade científica.
História da filosofia feminista da ciência
Nas décadas de 1980 e 1990, a filosofia feminista da ciência era um tema de estudo relativamente novo. Durante as décadas de 1960 e 1970, a ascensão dos movimentos feministas levou a preocupações cruciais sobre a discriminação das mulheres e de outros grupos marginalizados na ciência, bem como sobre as maneiras pelas quais o conhecimento científico refletia e apoiava os ideais patriarcais.
Evelyn Fox Keller, bióloga e escritora, ofereceu uma das primeiras críticas feministas à ciência em seu livro de 1983, "Reflections on Gender and Science" (Reflexões sobre gênero e ciência), afirmando que o conhecimento científico não é neutro ou objetivo, mas sim afetado pelos valores e presunções daqueles que realizam a pesquisa.
Nas décadas seguintes, a filosofia feminista da ciência continuou a crescer e a evoluir, integrando ideias da teoria crítica da raça, da teoria queer e de outros campos acadêmicos. O impacto do conhecimento científico sobre as mulheres e outros grupos marginalizados, o papel da ciência em influenciar as políticas públicas e a importância da ciência no estabelecimento de normas sociais são apenas alguns dos muitos assuntos que as filósofas feministas da ciência examinaram. A promoção de uma comunidade científica mais variada e inclusiva foi, sem dúvida, uma das principais conquistas da filosofia científica feminista.
A noção tradicional de ciência como um campo destinado exclusivamente a profissionais elitistas foi desafiada por filósofas feministas da ciência, que defenderam a inclusão de uma gama diversificada de perspectivas e experiências na pesquisa científica. Como resultado disso, foram desenvolvidos novos procedimentos e abordagens de pesquisa que dão mais atenção às perspectivas de grupos marginalizados.
A evolução da filosofia científica feminista é um reflexo da luta contínua por conhecimento e prática científicos mais inclusivos, equitativos e socialmente conscientes.
Holismo empírico feminista
O empirismo é uma teoria filosófica que enfatiza fortemente o fato de a experiência e a observação desempenharem um papel importante na obtenção do conhecimento. Os empiristas acreditam que todo o conhecimento é derivado da experiência sensorial e, portanto, a única base legítima para as alegações de conhecimento é a evidência empírica. O holismo empirista feminista é uma abordagem filosófica que visa a combinar pontos de vista feministas e empiristas no estudo da ciência. Esse método combina entendimentos feministas das influências sociais e culturais na pesquisa científica com abordagens empiristas de dados empíricos e investigação científica adequada.
O holismo empirista feminista, em sua essência, é uma resposta aos limites das abordagens empiristas tradicionais, que tendem a ignorar as maneiras pelas quais as influências sociais e culturais moldam o conhecimento e a prática científica. Para superar esses limites, o holismo empirista feminista defende um método mais complexo e abrangente de fazer pesquisa científica.
O holismo empirista feminista dá grande importância à consideração do ambiente social e cultural mais amplo no qual a pesquisa científica é realizada. De acordo com essa abordagem, o conhecimento científico não é gerado independentemente de influências externas, mas é influenciado por vários fatores sociais, culturais e históricos. Ao prestar atenção a esses fatores, as holistas empiristas feministas têm como objetivo incentivar uma compreensão mais completa do conhecimento científico e da metodologia.
A objetividade na filosofia feminista da ciência
A ideia de objetividade foi submetida a um exame minucioso e a críticas significativas na filosofia feminista da ciência. As definições tradicionais de objetividade, que promovem uma abordagem neutra e livre de valores para a investigação científica, foram contestadas pelas filósofas feministas porque ignoram as maneiras pelas quais os valores sociais e culturais influenciam o conhecimento e a prática científica.
As filósofas feministas da ciência observaram que o conhecimento científico não é produzido de forma independente, mas sofre o impacto de vários fatores sociais e culturais, incluindo, entre outros, gênero, raça e classe. Elas afirmam que esses fatores podem influenciar as perguntas de pesquisa que são feitas, as técnicas de pesquisa que são empregadas e a interpretação dos resultados.
Consequentemente, as filósofas feministas da ciência argumentam que o conhecimento científico não pode ser considerado objetivo no sentido tradicional, pois é moldado por perspectivas e valores pessoais.
O conhecimento situado é uma abordagem que as filósofas feministas da ciência desenvolveram para tratar dessas questões. Esse método enfatiza a importância de reconhecer os pontos de vista e valores subjetivos que influenciam a pesquisa científica, bem como a importância de vários pontos de vista e experiências no desenvolvimento do conhecimento científico.
O conceito de conhecimento situado enfatiza como o conhecimento é sempre colocado em determinados ambientes sociais e culturais e como esses fatores influenciam o que é considerado conhecimento verdadeiro ou significativo. De acordo com essa abordagem, a objetividade não é vista como um ideal neutro ou livre de valores, mas sim como um procedimento para identificar e lidar com as perspectivas e os valores irracionais que influenciam a pesquisa científica.
Teoria do ponto de vista feminista
A teoria do ponto de vista feminista é uma abordagem filosófica que enfatiza a importância do ambiente social e político na formação do conhecimento e da compreensão. Ela argumenta que os grupos oprimidos e marginalizados, especialmente as mulheres, têm experiências distintas, bem como opiniões que frequentemente são deixadas de fora das narrativas e dos sistemas de conhecimento convencionais. Quando essas opiniões são incluídas no processo de produção de conhecimento, elas podem fornecer críticas perspicazes às crenças e preconceitos predominantes.
O conhecimento criado por grupos marginalizados, de acordo com a teoria do ponto de vista feminista, pode fornecer percepções significativas sobre os contextos políticos e sociais mais gerais nos quais as informações são produzidas, além de ser valioso por si só.
A teoria do ponto de vista feminista tem como objetivo incentivar uma abordagem mais inclusiva e variada para a criação de conhecimento, que seja mais adequada para refletir a complexidade e a diversidade da experiência humana, adotando as perspectivas de grupos marginalizados.
Perspectivas feministas sobre a ciência
As perspectivas feministas sobre a ciência enfatizam a necessidade de considerar o contexto social, cultural e histórico no qual o conhecimento científico é formado. As perspectivas dominantes, que geralmente se baseiam nas experiências e suposições de grupos privilegiados, como homens e pessoas de culturas ocidentais, são criticadas pelas filósofas feministas da ciência por moldarem as abordagens tradicionais da ciência. Como resultado, esses métodos frequentemente excluem ou ignoram as perspectivas e experiências de mulheres e pessoas de outros grupos marginalizados.
Ao incentivar uma abordagem mais inclusiva e diversificada para a criação de conhecimento, as perspectivas feministas sobre a ciência visam desafiar esse método excludente. Elas acreditam que a inclusão de perspectivas de vários grupos pode proporcionar uma compreensão crítica das complexidades da experiência humana e pode ajudar a desafiar preconceitos e presunções subjacentes às metodologias científicas tradicionais.
Contribuições e desafios da filosofia feminista da ciência
O filosofia feminista da ciência fez várias contribuições significativas para a filosofia da ciência e ampliou as discussões sobre justiça social e equidade. Essas contribuições incluem:
Destacar o papel dos fatores sociais e culturais na produção de conhecimento científico
As filósofas feministas da ciência enfatizaram a importância de considerar os contextos sociais e culturais mais amplos nos quais a pesquisa científica ocorre. Isso ajudou a desafiar a visão tradicional da ciência como objetiva e neutra e incentivou uma compreensão mais sutil das maneiras pelas quais os fatores sociais e culturais podem influenciar a produção do conhecimento científico.
Promoção de uma abordagem mais inclusiva da ciência
A filosofia feminista da ciência promoveu a inclusão de diversas perspectivas na pesquisa científica, inclusive as perspectivas das mulheres e de outros grupos marginalizados. Isso ajudou a desafiar a abordagem excludente da ciência, que tradicionalmente tem sido dominada por grupos privilegiados, e incentivou uma abordagem mais inclusiva e diversificada para a criação de conhecimento.
Incentivar uma abordagem mais crítica da pesquisa científica
A filosofia feminista da ciência incentivou uma abordagem mais crítica da pesquisa científica, incluindo um foco maior nas possíveis implicações sociais e éticas da pesquisa científica e dos avanços tecnológicos. Isso ajudou a desafiar a suposição de que a ciência é neutra e isenta de valores e incentivou uma maior atenção aos possíveis impactos sociais e éticos da pesquisa científica.
Apesar dessas contribuições, a filosofia feminista da ciência também enfrentou vários desafios, incluindo:
- Resistência da ciência convencional: A filosofia feminista da ciência tem enfrentado resistência de alguns cientistas tradicionais que veem as perspectivas feministas como uma ameaça à abordagem tradicional da ciência. Isso dificultou a aceitação generalizada das perspectivas feministas na comunidade científica.
- Recursos e financiamento limitados: A filosofia feminista da ciência geralmente recebe recursos e financiamento limitados em comparação com as abordagens tradicionais da ciência, o que pode dificultar a realização de pesquisas e a promoção de perspectivas feministas no campo.
- Falta de diversidade na filosofia feminista da ciência: Embora a filosofia feminista da ciência busque promover a diversidade e a inclusão, ainda há uma falta de diversidade dentro do próprio campo. Isso pode limitar as perspectivas e percepções que são trazidas para a pesquisa científica e pode prejudicar a capacidade da filosofia feminista da ciência de desafiar totalmente a abordagem tradicional da ciência.
Em resumo, a filosofia feminista da ciência questiona as noções convencionais de investigação científica e enfatiza a importância de compreender e abordar as influências sociais e culturais no conhecimento e na prática científica. A filosofia feminista da ciência promove uma comunidade científica mais variada e inclusiva, o que melhora nosso conhecimento do mundo natural em uma escala maior.
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